O preço do café disparou e deve acelerar mudanças em padrões de comportamento históricos dos brasileiros, vorazes bebedores de café.
A principal mudança deve ser no controle do desperdício. Há uma máxima entre executivos do setor de que o maior consumidor de café do Brasil é o ralo. Isso porque as famílias têm o hábito de preparar garrafas térmicas cheias pela manhã. À tarde, todo o líquido que sobrou vai pelo ralo, para então se preparar uma nova garrafa, que terá o mesmo destino.
Isso ocorre porque, por aqui, o café era uma bebida historicamente muito barata. Por isso, não se preocupava tanto com o resto da bebida que iria ralo abaixo.
Agora, porém, a situação mudou. E o controle do desperdício deve ser a medida número 1 das famílias brasileiras.
A própria indústria reconhece que isso deve ocorrer. Entende que, diante da alta de preços, é natural que haja um consumo mais consciente.
Mas há quem tome medidas mais heterodoxas. A redução efetiva da ingestão da bebida é uma delas.
Estatisticamente, o brasileiro consome quase 4 xícaras de café por dia, em média. Claro, isso considera a venda total de bebida, então boa parte disso inclui o desperdício mencionado acima. Ainda assim, é um consumo per capita significativo –maior do que nos Estados Unidos, por exemplo.
Restringir o cafezinho a apenas uma xícara matinal e outra à tarde é, portanto, uma alternativa.
Trocar de marca também pode se tornar mais comum. Em geral, o brasileiro é fiel ao seu cafezinho de sempre e tem uma marca de preferência. Diante da inflação, contudo, é comum acabar levando aquele que está mais em conta ou até em alguma promoção, ainda que não seja do seu fabricante preferido.
As promoções, inclusive, têm feito alguns consumidores estocarem café. Como sabem que o preço ainda deve continuar subindo, o cliente, ao ver uma boa oferta, já compra uma grande quantidade –o tal do spaving, ou seja, gastar mais para economizar.
Há até quem apele para o café fake, ou “cafake”, como noticiou o blog em janeiro. São misturas que levam outros ingredientes além do grão torrado e moído. Mas a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) alerta que o consumo dessas misturas sem o aval dos órgãos sanitários competentes configura fraude e pode ser prejudicial à saúde.
Fato é que mudanças devem continuar se acentuando, uma vez que o preço continuará subindo. Espera-se que o produto fique entre 20% e 30% mais caro apenas nos próximos meses.
Enquanto isso, o governo falha em conter a alta dos alimentos, incluindo o café.
Se não tem pingado, que tomem cappuccino! Com brioches, claro.
E você, o que tem feito para contornar a inflação do cafezinho?
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