A ingestão de café por pessoa no Brasil recuou 2,22% no ano passado, ainda que, em valores absolutos, o consumo continue crescendo na casa de 1%.
Segundo os indicadores da indústria de café de 2024, divulgados nesta quarta-feira (5) pela Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), cada brasileiro consumiu, em média, 5,01 kg de café torrado e moído entre novembro de 2023 e outubro de 2024, ante 5,12 kg no período anterior.
Isso quer dizer que cada brasileiro tomou, em média, aproximadamente 1.430 xícaras ao longo do ano.
A redução, embora pequena, ocorre em momento de disparada no preço do produto, que acumulou alta de 37,4% no período.
Em valores absolutos, contudo, o consumo continua crescendo. Ao todo, o Brasil consumiu 21,9 milhões de sacas de café, uma alta de 1,11% em relação às 21,7 milhões registradas no ano anterior. O aumento da base populacional explica a redução do valor per capita –a pesquisa utiliza os dados populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Questionado se a alta dos preços pode frear ainda mais o consumo, Pavel Cardoso, presidente da Abic, disse em entrevista coletiva que o café é parte muito importante do dia a dia do brasileiro, mas é natural que haja um consumo mais consciente, com menos desperdício por parte dos consumidores.
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Com o aumento de preço no varejo, o faturamento da indústria subiu 60,85% no mercado interno, alcançando a marca de R$ 36,82 bilhões. Em compensação, os industriais tiveram que desembolsar mais pela matéria-prima, já que o café cru acumulou alta de 116,7% ao longo de 2024.
Como a Folha mostrou, fatores como adversidades climáticas e baixos estoques têm feito o preço do café bater recordes.
No varejo, a alta ainda está sendo repassada aos consumidores, uma vez que a indústria ainda tenta recompor as margens após a disparada da matéria-prima nos últimos meses.
Segundo Cardoso, espera-se uma alta no varejo entre 20% e 30% nos próximos dois meses. Ele descartou, no entanto, a possibilidade de falta de abastecimento de café no mercado nacional.
Com esse cenário de alta de preços, começam a surgir nos supermercados produtos semelhantes a café, que têm sido chamados até de “café fake”. São misturas “sabor café” que levam outros ingredientes além do grão torrado e moído.
A Abic, contudo, alerta que o consumo de misturas sem o aval dos órgãos sanitários competentes configura fraude e pode ser prejudicial à saúde.
A pesquisa, que é realizada desde 1989 e é divulgada anualmente pela Abic, mostra ainda que 40,4% do café cultivado no Brasil fica no mercado nacional.
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