Escrevo diretamente do Madrid Fusión, um dos maiores e mais conceituados congressos de gastronomia, que vai até a próxima quarta-feira (29) na capital da Espanha.
O foco da feira está em inovação, inteligência artificial, alta gastronomia, mas nada atrai mais gente do que o concurso de croquetes.
Os espanhóis são tão malucos por croquete que sequer admitem que possa haver bons exemplares fora daqui –assim, a competição anunciava sem pudor que elegeria o melhor do mundo, embora só houvesse concorrentes domésticos.
As croquetas da Espanha são um pouco diferentes do nosso “cocrete” de boteco. A massa é de béchamel, molho branco à base de leite, e vira um creme depois de frita.
“Tudo é croquetável”, disse o chef peruano Gastón Acurio, um dos jurados, pouco antes da competição. Tem croqueta de verdura, de cogumelos, de camarão.
O sabor mais tradicional, porém, é o presunto cru. Um produtor de jamón ibérico patrocinou a Copa do Mundo do croquete.
Primeiro, os jurados analisaram a massa fria de béchamel, para avaliar a qualidade dos ingredientes e o corte do presunto (que, idealmente, deve ser picado na faca). Depois, mandaram ver no bolinho frito.
O campeão foi Áxel Smyth, chef do Simpar, em Santiago de Compostela. É um restaurante estrelado pelo guia Michelin, bem metidão, que só trabalha com menus degustação (de 85 e 110 euros).
O menu mais caro, além do croquete campeão, tem uma dobradinha que foi eleita a melhor da Espanha no ano passado.
Imagina se o Áxel se muda pro Brasil e solta todo esse talento numa cozinha de boteco pé-sujo. Aí ninguém segura o menino.
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