O Ministério da Fazenda prevê um novo fôlego para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no início de 2025, puxado pelo setor agropecuário em meio à expectativa de produção recorde de grãos, mas espera desaceleração da economia na sequência.
Em nota, a SPE (Secretaria de Política Econômica) da Fazenda afirmou que o ritmo de crescimento deverá voltar a subir na margem no primeiro trimestre do ano, com destaque para a projeção de expansão da atividade agropecuária na casa de dois dígitos.
De acordo com o órgão, o PIB de serviços também deve acelerar na margem no primeiro trimestre, refletindo o reajuste do salário mínimo e o maior ritmo de crescimento de atividades relacionadas à agropecuária, como transportes e comércio.
A expectativa é que, a partir do segundo trimestre de 2025, a contribuição do setor agropecuário para o crescimento se torne negativa.
“Para a segunda metade do ano, a perspectiva é de que o ritmo de crescimento se mantenha próximo à estabilidade, refletindo menores impulsos vindos dos mercados de crédito e de trabalho em função do patamar contracionista da política monetária”, diz a SPE, que projeta atualmente expansão de 2,3% para o PIB de 2025.
Em janeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) para 13,25% ao ano.
Na ocasião, o colegiado do BC reafirmou a sinalização de que pretende fazer mais uma alta da mesma intensidade em março, levando a Selic a 14,25% ao ano. Se cumprir o prometido, os juros vão atingir o pico registrado durante a crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.
Com a alta de juros, o BC busca esfriar a economia para levar a inflação em direção à meta, hoje acima do limite superior do alvo. No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu para 5,2%.
O alvo central do BC é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida quando oscila entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Em meio ao aumento de juros, o órgão da Fazenda disse que o crescimento do PIB no quarto trimestre e em 2024 foi “marginalmente abaixo” do projetado pela SPE em fevereiro.
Na reta final do ano, a atividade econômica cresceu 0,2% na comparação trimestral com ajuste sazonal. O resultado veio abaixo da mediana das previsões de mercado e também da projeção da Fazenda (0,4%).
Segundo a SPE, a desaceleração da indústria e serviços surpreendeu. Na avaliação do órgão, o resultado da indústria deveu-se ao menor crescimento da indústria extrativa e de transformação em relação ao projetado, além da retração em eletricidade e gás, água e esgoto.
“O PIB de serviços também registrou expansão inferior à esperada, influenciado, principalmente, pela queda em serviços de informação e comunicação e atividades financeiras”, disse.
De acordo com os dados divulgados nesta sexta (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a economia brasileira perdeu ritmo no quarto trimestre, mas fechou 2024 com alta de 3,4% no acumulado do ano.
Para a Fazenda, o maior ritmo de crescimento em 2024 refletiu impulsos positivos vindos do mercado de trabalho e crédito, além de políticas de estímulo ao desenvolvimento produtivo e sustentável.
Pela demanda, o avanço foi impulsionado “pelo bom desempenho da absorção doméstica.” O consumo das famílias avançou de 3,2% em 2023 para 4,8% em 2024, amparado pelo avanço da massa de rendimentos e das concessões de crédito.
O forte crescimento da absorção doméstica estimulou as importações, que cresceram 14,7% em 2024, ante recuo de 1,2% em 2023.