O acentuado desenvolvimento de regiões com forte produção agrícola fez com que a frota de aeronaves de pulverização crescesse ao ritmo de uma nova unidade em operação a cada dois dias no país em 2024. O avanço aéreo na agricultura se acentua com a chegada de potentes drones ao mercado.
Em apenas um ano, a frota de aeronaves agrícolas em operação ganhou 183 unidades, um crescimento de 7,21% em relação ao ano anterior, com avanço principalmente em regiões como o Centro-Oeste brasileiro e o “Matopiba”, fronteira agrícola que compreende Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Já são 2.722 aeronaves em operação, dos quais 2.088 aviões (77% do total) e 634 helicópteros (23%). Os dados, do Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), foram apresentados durante a abertura oficial da colheita do arroz e grãos em Capão do Leão (RS).
Mato Grosso é o estado que mais cresce e representa 27,5% da frota aérea brasileira, com 749 aviões. Somente no ano passado, o estado passou a ter 47 novas aeronaves, praticamente um novo por semana.
A frota atual representa um em cada quatro aviões do país, o que é atribuído ao crescimento das lavouras de algodão, soja e milho.
O Centro-Oeste é a região do país com mais aeronaves, 1.218. Além das baseadas em Mato Grosso, Goiás tem outros 307 aviões, Mato Grosso do Sul soma 147 e o Distrito Federal possui 15.
Outros estados com alta sustentável são Rondônia, que praticamente não tinha aeronaves do tipo há dez anos, Pará e Bahia, ao contrário do Sul do país e de São Paulo, praticamente estabilizados em relação às suas frotas.
Na avaliação do Sindag, o crescimento se deve à atenção que o produtor rural tem dado ao tema, aos resultados apresentados e às necessidades impostas pelas mudanças climáticas.
“As janelas de aplicação são cada vez menores. Porque ou chove demais ou chove de menos no nosso país. Por consequência, o tempo disponível para controlar pragas e doenças é menor. Isso é favorável à aviação agrícola”, afirmou Gabriel Colle, diretor-executivo do Sindag.
De acordo com ele, os produtores rurais, que são os contratantes ou compradores dos aviões de pulverização, estão mais bem informados sobre pesquisas que apresentam resultados positivos das pulverizações aéreas.
Como os aviões são muito mais rápidos que os tratores, passaram a ser contratados por serem, em muitos casos, a única opção que o produtor rural tem para cumprir os prazos no campo, segundo o executivo.
“Se choveu demais ou se a doença está em uma situação avançada, ele tem que chamar o avião, já que não consegue entrar com o trator mais. Isso também ajudou muito a crescer.”
Um avião agrícola chega a cobrir 450 hectares por hora, muito acima da capacidade média de tratores, que dificilmente alcança 80 ou 100 hectares no mesmo período de tempo.
A maioria das aeronaves (1.648) está nas mãos de empresas aeroagrícolas, prestadoras de serviços, enquanto os próprios fazendeiros ou cooperativas possuem 1.054.
O Matopiba, região que compreende estados do Nordeste e do Norte do país com vastas áreas em franca produção, também está no alvo de fabricantes globais de grandes drones de pulverização.
É o caso da Case IH, marca da CNH Industrial, que estima que 8% do mercado nacional de tratores e colhedoras está nessa região. Por isso, a empresa trouxe ao mercado drones para agregar a tecnologia no campo.
Anunciados durante a última Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, os equipamentos agora estão entrando em linha comercial da fabricante.
“Os tratores têm dificuldades de entrar em cantos de talhões e o drone pode ser usado para isso, com aplicações em pequenas áreas ou seletivas”, disse Denny Perez, diretor comercial da Case IH Brasil.
Há dois modelos, que custam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, um com 30 litros de capacidade para fertilizantes ou sementes e outro com 70 litros. Este é o maior já lançado, segundo o gerente comercial de novos negócios de P&S da CNH para a América Latina, Felipe Oliveros.
Os equipamentos foram apresentados na Fazenda Serra do Ovo, do grupo Sierentz Agro Brasil, em Santa Filomena (PI).
O Matopiba representou em 2023 mais de 10% da produção de grãos do Brasil e seu solo, profundo, e o clima, tropical, favorecem o cultivo de grandes culturas.
Segundo a fabricante global, de todas as contas de grandes clientes, 10% estão nessa região, que também conta com 1.166 máquinas conectadas —em parceria com a operadora Tim.
MADE IN BRAZIL
O principal modelo de avião pulverizador utilizado no país é o Ipanema (51,65% do total), fabricado pela Embraer, e que recuperou espaço, na avaliação do Sindag. Desde 2004, o modelo sai de fábrica movido a etanol.
“Aeronaves americanas são maiores, aviões turbo, que a Embraer não faz. A Embraer tem o Ipanema, que é a pistão, um avião menor, e ela decidiu não fazer aviões maiores. E nessas regiões como Mato Grosso, Matopiba, os produtores querem aviões maiores para aumentar a produtividade mesmo. Os americanos estão vendendo muito bem ali”, disse Colle.