Para um país conhecido por seus longos invernos e altos impostos, a Finlândia parece notavelmente alegre.
O país lidera o World Happiness Report 2025, estudo anual apoiado pela ONU publicado na quinta-feira (20), conquistando sua oitava vitória consecutiva à frente de outros 146 países. Logo atrás estavam Dinamarca, Islândia e Suécia. O que torna os nórdicos tão felizes?
O World Happiness Report é mais um estudo de satisfação com a vida do que de sorrisos e risadas. Baseia-se em uma pesquisa da Gallup, uma empresa de sondagens, e os participantes são convidados a avaliar suas vidas de zero a dez.
Os finlandeses não são conhecidos por se vangloriarem (ou, aliás, por sorrirem muito). Mas, na pesquisa mais recente, eles disseram que suas vidas mereciam na média uma consistente nota 7,7 —bem acima da média global de 5,6.
No final do ranking, as pessoas no Afeganistão devastado pela guerra avaliaram suas vidas em apenas 1,4.
Várias outras organizações descobriram que os países nórdicos são alguns dos mais estáveis, progressistas e seguros do mundo. Eles dominam as posições altas no índice de teto de vidro da The Economist, que mede o papel e a influência das mulheres na força de trabalho.
Mortes ligadas ao desespero, como suicídios e overdoses não intencionais, estão rapidamente diminuindo na região, mesmo que a partir de uma base historicamente alta (as pontuações de avaliação de vida por si só não capturam todos os fatores que podem levar a mortes por desespero).
Os nórdicos também estão entre os países mais ricos do mundo por pessoa, o que geralmente tem um efeito significativo na satisfação com a vida.
Nesse quesito, os países da América Latina também se destacam, relatando vidas mais felizes do que suas rendas sugeririam.
Esses países também superaram os nórdicos em outros estudos de felicidade, como a frequência com que as pessoas riem ou sentem uma sensação de prazer. Os pesquisadores oferecem uma possível explicação.
Eles descobriram que comer com outras pessoas, em comparação com comer sozinho, era um indicador surpreendentemente forte de bem-estar subjetivo —tão estatisticamente significativo quanto renda e status de emprego. Isso se mantém verdadeiro mesmo ao considerar outros fatores, como idade e educação.
A América Latina é uma “líder global” em compartilhamento de refeições, dizem os autores. Pessoas em toda a região relatam comer cerca de nove refeições por semana com amigos ou familiares. No Sul da Ásia, é menos da metade disso.
Isso pode significar que eles estão mais conectados e menos solitários do que seus pares em outros lugares. De fato, em todo o mundo, o estudo descobriu que as medidas de apoio social estão mais intimamente ligadas a como as pessoas avaliam suas vidas do que o PIB per capita.
Isso também pode explicar por que a felicidade nos EUA e em alguns outros países ricos está caindo. Os americanos cada vez mais comem sozinhos, vivem sozinhos e —quando têm a escolha— trabalham sozinhos.
Em uma pesquisa, 18% dos jovens adultos nos Estados Unidos relataram que não tinham ninguém com quem se sentissem próximos (embora haja sinais de que o aumento incessante dos problemas de saúde mental entre os jovens americanos tenha estagnado ou até mesmo revertido).
Em muitos outros países, a erosão das conexões significativas também está deixando as pessoas se sentindo solitárias e tristes. Mas, na Finlândia, a solidão é realmente valorizada. Os finlandeses se retiram para seus “mokki” (casas de campo) para uma solidão deliberada— frequentemente em uma sauna.
Texto de The Economist, traduzido por Gustavo Soares, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com