O Brasil está pressionando o México para permitir exportações de carne suína de mais frigoríficos, enquanto a maior economia da América Latina busca conquistar novos mercados aproveitando as guerras comerciais de Donald Trump.
Autoridades renovaram um pedido para que o México autorize embarques de fábricas de processamento em mais estados, segundo Luis Rua, secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil. Atualmente, apenas sete instalações no estado de Santa Catarina têm permissão para exportar carne suína para o México.
O pedido à autoridade sanitária mexicana Senasica ocorre enquanto as tarifas de Trump sobre o vizinho México estão programadas para entrar em vigor em 2 de abril. O aumento das importações do Brasil prejudicaria os EUA, que consideram o México seu maior mercado para carne suína e vêm perdendo participação para o país sul-americano em vários mercados agrícolas.
“Começamos a trabalhar em parceria com associações mexicanas e autoridades sanitárias da Senasica para explicar por que é importante emitir licenças para mais plantas”, disse Adriane Cruvinel, adida do Ministério da Agricultura do Brasil no México, em entrevista. “É um movimento que surge da preocupação com a guerra tarifária e corrobora o interesse que eles já tinham pela carne brasileira.”
Oficiais da Senasica não puderam confirmar as discussões com o Brasil.
O México só compra carne suína brasileira de plantas em Santa Catarina, o primeiro estado reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação pela WOAH (Organização Mundial de Saúde Animal). Isso limitaria o fornecimento caso o México precise comprar mais do Brasil devido à disputa comercial, afirmou Rua.
A aprovação para novas plantas pode vir já em maio, quando a WOAH deve reconhecer o Brasil como uma nação livre de febre aftosa sem vacinação, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto que pediu anonimato porque as negociações são privadas.
Embora vários estados, como Paraná, Rio Grande do Sul e Acre, já tenham esse status, o México ainda não autorizou importações deles, disse Rua.
Indústrias mexicanas aumentaram recentemente as compras de carne brasileira, principalmente para usá-la como ingrediente em alimentos processados. Ainda assim, os embarques de carne suína do Brasil para o México totalizaram menos de 43 mil toneladas no último ano, uma fração mínima das mais de 1 milhão de toneladas que o México importa dos EUA.