O noticiário carregado dos últimos dias —tarifaço de Donald Trump, guerra na Ucrânia, liberação do FGTS, acordo de emendas e medidas para baratear os alimentos— ofuscou a relevância da operação policial que teve como alvo o uso de fintechs para a lavagem de dinheiro da facção criminosa PCC.
Calcula-se que R$ 6 bilhões foram lavados dessa forma. Deflagrada na véspera do Carnaval, a operação da PF e do Ministério Público de São Paulo mostrou que a Receita Federal estava certa ao baixar uma norma para ampliar a fiscalização sobre bancos digitais e fintechs.
A norma do fisco serviu com um banquete de fake news da oposição envolvendo o Pix. A tática aliada ao medo de Lula em perder popularidade e a eleição de 2026 criaram um Frankenstein no vale-tudo do Brasil de hoje.
Vale difundir a visão de que o combate às fraudes é ruim para a população. Vale também estimular o não pagamento de impostos. Os dois movimentos estão perigosamente avançando no Brasil, e o mundo político e empresarial normalizando tudo isso.
No vácuo, abre-se o caminho para a sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. Lula se prestou a baixar uma medida provisória para dizer que o Pix não seria tributado. Uma aberração em que o Executivo faz uma MP isentando algo que já não era tributado.
Fica fácil assim para o crime organizado e também para os sonegadores que sabem usar os talheres à mesa.
Sem a norma da Receita, o Banco Central baixou uma norma para suspender o uso de chaves do Pix para quem estiver em situação irregular. Um reforço na segurança. Ainda assim, teve quem torcesse o nariz no governo para o presidente do BC, Gabriel Galípolo, com temor das redes sociais.
Deixar o crime organizado usar uma infraestrutura pública para dar golpe por medo do que Nikolas Ferreira vai postar é inaceitável. Deixar morto fazer Pix é descontrole social.
O governo vai precisar fazer mais, além da medida do BC. É um erro deixar marqueteiro dominar a política pública.
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