A Previ, fundo de aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil, quer vender os 23,49% de participação que possui na empresa HMOBI, dona da concessionária MetrôRio.
A Previ confirmou ao Painel S.A. ter recebido propostas, mas afirmou que não há processo de venda em andamento. “O fundo tem recebido várias propostas e analisado tecnicamente uma a uma, de forma colegiada, seguindo as regras da política de investimentos”, disse em nota.
A Previ disse ainda que, caso uma proposta avance, o sócio de referência, o fundo árabe Mubadala, precisa ser consultado porque tem preferência na compra. O fundo possui 51,52% de participação.
Além da Previ e do Mubadala, também são acionistas os fundos de pensão Funcef (19,10%), de funcionários da Caixa, e Petros (5,88%), da Petrobras.
Menos do que quer
As negociações acontecem enquanto o governo do Rio estuda reduzir o preço das tarifas do metrô, conforme antecipou o Painel S.A..
O estado contratou a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para ajudar no cálculo da nova tarifa, que hoje é a mais cara do Brasil, e avaliar a capacidade de subsídio do estado para reduzir o preço o máximo possível.
Isso ocorre às vésperas de uma nova alta nos bilhetes que será implementada em abril, quando as passagens passarão de R$ 7,50 para R$ 7,90.
A partir dos estudos da Fipe, a Setram (Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana) pretende rever e modernizar os atuais contratos e mudar a forma de remuneração dos operadores —que deixará de ser via tarifa paga pelo passageiro e passará a ser efetuada pelo poder público.
O governo fluminense, por sua vez, deverá remunerar a concessionária seguindo métricas objetivas, como quilômetro rodado, por exemplo, para evitar gasto desnecessário aos cofres públicos.
As mudanças podem ser desvantajosas financeiramente para a concessionária MetrôRio, que poderá perder receita e, consequentemente, o valor de mercado. Se isso ocorrer, a Previ pode levantar menos do que espera com a venda, cujo valor a coluna não teve acesso.
Déficit bilionário
As negociações também acontecem no momento em que a Previ é alvo de uma auditoria do TCU por conta do déficit bilionário registrado em 2024, após um superávit de R$ 9,8 bilhões em 2023.
Quando o fundo divulgou seus resultados de janeiro a novembro, o déficit era de R$ 14 bilhões, o que já chamou a atenção da corte de contas. Até dezembro, as perdas foram de R$ 17,6 bilhões.
A Previ diz que o déficit não é prejuízo e que a empresa está financeiramente saudável, embora tenha sofrido com uma forte oscilação no mercado financeiro no ano passado, o que prejudicou os seus investimentos.
Após a publicação da reportagem, o fundo de pensão também esclareceu que o déficit da Previ não está relacionado com a venda de participação de nenhum ativo.
“A Previ não tem necessidade de vender nenhum ativo para pagar benefícios. Tem um fluxo de caixa bem alto, com investimentos altamente rentáveis, que garantem a segurança do plano e dos associados”, disse o fundo em nota
Com Stéfanie Rigamonti
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