Dezessete é um número primo. Não é uma efeméride fácil, nem número redondo ou múltiplo de nada —além do próprio 17. Quem tem 17 anos já pode votar, mas não pode beber ao se arrepender do suposto voto. Dirigir também não dá.
Dito tudo isso, o Empório Alto dos Pinheiros acaba de completar 17 anos. E só ele para merecer um texto cervejeiro nessa idade. Se bem que, conta a história, que o EAP, como é carinhosamente chamado, não nasceu cervejeiro em 2008. A inspiração da criação foram as délis de Nova York, com várias opções gastronômicas nas gôndolas ou prontas, para serem consumidas ali ou para serem levadas para casa.
Foi mais na virada da década, por volta de 2010, 2011, que as cervejas começaram a dar uma nova forma para o negócio. As duas torneiras de Eisenbahn viraram Bamberg, depois dobraram de tamanho, quatro, seis, importadas, mais, muito mais. Hoje são mais de 40 torneiras e é difícil encontrar casa no país com mais opções frescas que o EAP.
“Sempre admirei lugares em São Paulo que existem desde a infância e continuam mantendo a uma tradição, lugares que eu ia quando moleque e que hoje minha filha vai com amigos”, conta Paulo Almeida, o pai da criança —a mãe é sua mulher, Roberta Teixeira da Costa.
Incluindo as centenas de enlatadas e engarrafadas, é possível dar uma volta ao mundo em um turismo lupulado, com sugestões de Besançon (França), Munique (Alemanha), Middletown (EUA), Aberdeenshire (Escócia), Bruges (Bélgica) e afins. Sem contar as versões de sidra(do País Basco) e hidromel (de Minas, Paraná ou São Paulo mesmo). Talvez esse mundo fosse ainda mais vasto não fosse a atual pasmaceira de algumas importadoras.
Um minuto de silêncio pela ausência do chope Guinness.
Habitualmente animado para emendar um bate-papo com clientes, Paulo sabe das dificuldades do mercado e do momento difícil no mundo inteiro. “Mas se está muito complicado, o jeito é encontrar os amigos e abrir uma cerveja. Junto é mais fácil.”
Antes de chegar aos 18, Paulo deseja apenas “ver as cervejarias e os cervejeiros terem retorno. Ver as pessoas dando valor a essas obras maravilhosas que nossa indústria craft produz cada vez melhor.”
Antes disso, para brindar aos 17 anos, não faltarão bons rótulos. O principal destaque é a EAP 17, lançamento/homenagem da Trilha Cervejaria, uma das muitas marcas hoje estabelecidas no mercado que começaram justamente apresentando suas experiências no bar da rua Vupabussu —como a inesquecível dupla Pacífico e Atlântico, duas receitas similares que brincavam com os lúpulos americanos de cada costa. A EAP 17 é uma dark sour envelhecida em barril de carvalho francês, acrescida de groselha, com 8,2% de álcool. Além do chope, a cerveja está disponível em garrafas de 750 ml.
Da norte-americana Equilibrium, acabam de chegar três versões de double IPAs, cada uma com pelo menos 8% de teor alcoólico —da mesma cervejaria há também um quarteto de imperial stouts que valem por uma boa sobremesa. Além delas, Paulo diz que vai brindar “tomando uma Cantillon [uma lambic, da cervejaria belga]” da torneira.
Empório Alto dos Pinheiros
R. Vupabussu, 305, Pinheiros, região oeste, @eapsp
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