Líder em produtos de cuidados para pele, a farmacêutica Galderma planeja expandir suas instalações no Brasil e triplicar a capacidade de produção em três anos.
Comandada no país por Ligia Carla Santos, 45, gerente-geral no Brasil desde 2023, a Galderma tornou-se uma empresa de capital aberto em março de 2024, no maior IPO do ano na Suíça, seu país de origem, com US$ 2,6 bilhões.
A companhia surgiu em 1981 a partir de uma joint venture entre a Nestlé e a L’Oréal e virou independente em 2019, controlada por um consórcio de investidores privados.
Em 2024, alcançou um recorde global de vendas líquidas de US$ 4,410 bilhões, registrando um aumento de 9,3% em relação ao ano anterior. Os números do faturamento no Brasil, não são abertos, mas o país é o seu terceiro maior mercado, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
“A nossa estratégia é muito clara. A gente quer entregar tudo que é para a pele. Todas as soluções, sejam elas de autocuidado, de estética injetável ou de dermatologia terapêutica”, afirma Ligia.
A principal aposta no Brasil é a expansão da fábrica em Hortolândia (a 125 km de São Paulo), com investimento inicial de US$ 6,5 milhões e a compra da planta atual, que antes operava por leasing (aluguel), além de um terreno adjacente de 48 mil m², o que permitirá que a capacidade produtiva seja triplicada nos próximos anos.
É nesta instalação no interior paulista que são fabricadas as linhas de cuidados para a pele Cetaphil e Dermotivin, que também são exportadas para outros 39 países da América Latina, Europa, Asia, Oceania, África e para os Estados Unidos.
A farmacêutica é líder na categoria de cuidados para a pele, presente em três frentes: estética injetável, com o bioestimulador de colágeno Sculptra, o ácido hialurônico Restylane (produto usado em harmonizações faciais) e toxina botulínica, skincare, com as marcas Cetaphil, Dermotivin e Alastin, e dermatologia terapêutica, com Loceryl (para micose) e Benzac (para acne), entre outros medicamentos.
A Galderma está presente no Brasil há 30 anos, no início como afiliada, conta Santos. “Quando eu comecei a trabalhar aqui, em 2002, era um hub da Alcon, uma empresa de oftalmologia que também era uma joint venture entre a Nestlé e a L’Oreal. Eu vi várias Galdermas, e a Galderma viu várias Ligias também.”
A paraense de Belém conta que começou na indústria farmacêutica por acaso. “Sou do Norte, filha de mãe solteira, e quando eu era adolescente meu sonho era ser jornalista especializada em viagem. Na verdade, eu queria ganhar o mundo.”
Com poucas opções para cursar a graduação desejada, ela decidiu fazer relações públicas na Unama (Universidade da Amazônia) e escolheu um estágio em uma farmacêutica porque o salário era bom e a ajudaria a pagar a faculdade.
“Já estagiando, quis passar a ser representante. Aí veio a oportunidade da Galderma para fazer visitação médica, para trabalhar como o famoso propagandista, lá em Belém mesmo. Comecei mostrando a linha para tratamento de acne. Foi aqui meu primeiro CLT”, diz.
Na empresa, Santos viu a oportunidade de fazer uma pós-graduação em marketing em Porto Alegre (RS) e depois se realocar neste setor, em São Paulo.
“Eu vim de uma família muito humilde, não falava inglês. Quando fiz o processo para vir para cá, no marketing, minha gestora falou para mim: ‘Você tem um ano para aprender a falar inglês no palco’. Eu disse: ‘Deixa comigo’”, lembra Santos.
Ela tem orgulho de dizer que subiu cada degrau na empresa. “Fui gerente de produto júnior, pleno, sênior, gerente de grupo e produtos, gerente de marketing, head da unidade de negócios de estética injetável no Brasil e, em 2023, fui convidada para assumir a posição de gerente-geral da Galderma no Brasil.”
Hoje, nesta posição, ela apoia a ampliação da diversidade na companhia, que atualmente tem 56% de mulheres no quadro de funcionários. Em 2023, a farmacêutica abriu um processo seletivo exclusivo para pessoas negras. “Nós somos uma empresa voltada para a pele e, no Brasil, a maior parte da população se declara preta ou parda. Precisamos ser inclusivos e coerentes.”
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