O novo CEO da Nissan afirmou que está aberto a buscar uma parceria com a Honda, empresa com a qual a montadora tentou se unir antes do fim das negociações no mês passado.
O avanço da indústria automobilística em direção a carros inteligentes “vai exigir muito trabalho e muito investimento, o que provavelmente precisará de algum parceiro”, disse Ivan Espinosa, que assume seu novo cargo em 1º de abril. “Estou aberto à Honda ou a outros parceiros, desde que esses parceiros nos ajudem a impulsionar a visão do negócio.”
A Nissan escolheu Espinosa, de 46 anos, para assumir o cargo em um momento crítico. A montadora japonesa preparou os investidores para uma terceira perda líquida anual nos últimos seis anos, as vendas estão caindo e as negociações com a Honda fracassaram no mês passado sob a liderança do CEO Makoto Uchida.
Os principais itens na lista de tarefas de Espinosa serão buscar colaborações com empresas que ajudem a Nissan a desenvolver veículos elétricos e renovar a linha de carros envelhecida, que está custando à empresa participação em mercados importantes, incluindo os EUA e a China.
Uma parceria com uma montadora tradicional poderia oferecer “alguma sinergia” em termos de tamanho, tecnologia de motorização e investimento em baterias, disse Espinosa a repórteres em Atsugi, perto da sede da Nissan em Yokohama.
“Há outro caminho, que é com quem você deve se associar para desenvolver essa parte inteligente do futuro. Existem algumas características e algumas competências que os fabricantes de equipamentos originais tradicionais não têm”, disse ele.
A fabricante taiwanesa de iPhones Foxconn expressou interesse em comprar a participação da montadora francesa Renault na Nissan. Embora a Nissan esteja receptiva a cooperar com a Foxconn, ela vê mais mérito em se associar a uma grande empresa de tecnologia, informou a Bloomberg no início deste mês.
Espinosa, que é diretor de planejamento desde abril do ano passado, disse que lamenta não ter acelerado o desenvolvimento de produtos anteriormente. “Mudar uma grande empresa como a Nissan não é uma coisa fácil”, disse ele.
Ele reiterou o plano da montadora japonesa de reduzir o tempo que leva para um carro ir do desenvolvimento à produção para apenas 30 meses, em comparação com os atuais 52 meses.
LINHA RENOVADA
A Nissan lançará vários modelos novos e renovados em seus próximos dois anos fiscais para conter sua queda financeira.
Na América do Norte, uma nova versão do sedã compacto Sentra será introduzida ainda este ano, e os EUA e o Canadá serão os primeiros mercados a lançar o novo Leaf, que será equipado com uma porta que permite o carregamento nos supercarregadores da Tesla. A Nissan também planeja começar a produzir um novo veículo elétrico não especificado em sua fábrica em Canton, Mississippi, a partir do final do ano fiscal de 2027.
Na Europa, a Nissan está trazendo de volta o Micra —um carro pequeno que a empresa parou de fabricar no Reino Unido em 2010— ainda este ano, reintroduzindo o modelo como um compacto elétrico. Uma variante elétrica do SUV compacto Juke será lançada no ano fiscal de 2026.
Na Índia, a Nissan introduzirá um veículo multifuncional no ano fiscal de 2025 e um SUV esportivo compacto de cinco lugares no ano fiscal de 2026, ambos fabricados em Chennai.
MÚLTIPLAS CRISES
Engenheiro mecânico de formação, Espinosa supervisionou os portfólios de produtos e serviços futuros para as marcas Nissan e Infiniti em todo o mundo.
Ele lista os principais desafios da indústria automobilística como eletrificação, conectividade e tecnologias de condução autônoma —três áreas nas quais a Nissan historicamente ficou para trás.
“Um CEO normalmente lida com uma ou duas grandes crises em sua carreira”, disse Espinosa. “Eu vou ter que lidar com quatro ou cinco ao mesmo tempo. Tenho uma reviravolta para trabalhar. Tenho uma profunda crise de moral na empresa. Tenho um trabalho de transformação profunda a fazer.”