O consumo das famílias brasileiras fechou 2024 com alta de 4,8% no acumulado do ano, apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta sexta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o maior resultado desde 2011, quando o crescimento foi da mesma magnitude.
O consumo foi beneficiado por fatores como o aquecimento do mercado de trabalho no ano passado, além das transferências do governo.
No quarto trimestre de 2024, esse componente do PIB recuou 1,0% em relação aos três meses imediatamente anteriores.
O consumo é considerado o motor da atividade econômica pela ótica da demanda —ou seja, dos gastos com bens e serviços. Responde por cerca de 60% do PIB.
“Para o consumo das famílias [no ano] tivemos uma conjunção positiva, como os programas de transferência de renda do governo, a continuação da melhoria do mercado de trabalho e os juros que foram, em média, mais baixos que em 2023”, afirma Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
“No quarto trimestre de 2024 o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos, mas com queda no consumo das famílias. Isso porque no quarto trimestre tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro do ano passado, o que já impactou no quarto trimestre.”
O consumo foi tão forte no ano passado que parte dessa demanda teve de ser atendida por importações, que superam com grande folga as exportações.
Em 2023, os setores que puxaram o PIB eram exportadores. Ou seja, parte da produção brasileira foi puxada pelo consumo de outros países. Em 2024, ocorreu o contrário. Em termos líquidos, o Brasil consumiu toda sua produção e também necessitou de importações para atender a essa demanda.
Isso pode ser visto nos seguintes números: a demanda interna de consumo e investimentos cresceu 5,2%, enquanto o setor externo caiu 1,8% e puxou o resultado para baixo. A diferença entre os dois números é o crescimento de 3,4% visto no ano passado —para chegar ao resultado do PIB é necessário subtrair do consumo aquilo que não foi produzido no país.
Palis destacou que a variação do PIB em 2024 não foi muito diferente da verificada no ano anterior (3,2%), mas que a composição do crescimento foi completamente diferente, com aceleração da indústria e dos serviços, e retração na agropecuária –setor exportador.
Também houve aceleração do consumo das famílias, desaceleração do consumo do governo e reversão da queda nos investimentos de 2023.
INVESTIMENTOS
Outro componente é a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), que mede os investimentos produtivos na economia. No acumulado de 2024, a FBCF registrou alta de 7,3%, melhor resultado desde 2021 (12,9%). No trimestre, cresceu 0,4%.
Aportes em máquinas, equipamentos e construção fazem parte do indicador de investimentos.
O ciclo de alta na taxa básica de juros (Selic) é considerado um desafio para os investimentos produtivos e o consumo em 2025, já que a medida encarece o crédito para empresas e famílias.
O aperto dos juros é uma tentativa do BC (Banco Central) de esfriar a demanda por bens e serviços para conter a inflação.
Consumo do governo, exportações e importações
O consumo do governo, por sua vez, fechou o acumulado de 2024 com alta de 1,9%, metade do aumento do ano anterior. No quarto trimestre, houve avanço de 0,6%.
Pela ótica da demanda, o PIB ainda contempla operações no mercado internacional.
As exportações brasileiras fecharam o ano de 2024 com alta de 2,9%, enquanto as importações aumentaram 14,7%.