Caso seja confirmado seu segundo mandato à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, o líder da Rússia, o autocrata Vladimir Putin, será o chefe da ex-presidente Dilma Rousseff. O mandato do Brasil na instituição vence em julho deste ano. Pelas regras de rotação, o próximo a assumir a presidência por um mandato de cinco anos seria escolhido pela Rússia. Mas Dilma queria continuar no banco e tinha apoio dos chineses.
Na cúpula do Brics em outubro do ano passado, na Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva costurou um acordo com Putin para que Dilma fosse indicada pelos russos. No dia 13 de fevereiro o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, enviaram uma carta conjunta a membros do conselho dos diretores do NDB pedindo para que Dilma fosse reconduzida e afirmando que, caso a brasileira não pudesse concluir o mandato, a Rússia é que indicaria o novo presidente.
O conselho de diretores do banco aprovou a recondução. Agora falta a aprovação do conselho de governadores, que reúne os representantes de cada país —na maioria, ministros da Fazenda e das Finanças.
Como a Rússia é alvo de sanções internacionais por causa da invasão da Ucrânia, a troca foi vista de forma positiva pela África do Sul, e a Índia, ainda que a contragosto, deve aceitar.
Mas funcionários criticam a violação das regras do banco para reconduzir Dilma. Primeiro, porque ela, ex-presidente brasileira, irá se reportar e obedecer a orientações de Putin.
Segundo porque, de acordo com o artigo 13 do acordo de criação do banco, um país indica o ocupante da presidência, enquanto os outros quatro indicam um vice-presidente cada. Seguindo essa regra, o Brasil teria de indicar um russo para ser vice-presidente supostamente representando os interesses do Brasil na instituição.
Caso Haddad não indique um russo como vice representando o Brasil, mas nomeie um brasileiro, aí a Rússia ficaria sem nenhum russo no alto comando do banco.