A chegada de mais carros híbridos e elétricos importados da China tem levado entidades ligadas ao setor automotivo a assumir uma postura mais aguerrida. Após a Anfavea (associação das montadoras), foi a vez do Sindipeças, que representa a indústria de componentes, se manifestar.
Em nota divulgada na última semana, a associação menciona “o risco que a importação sem precedentes de veículos elétricos e híbridos representa para a cadeia automotiva no Brasil”.
“Desde junho do ano passado, nós também enviamos carta ao governo e participamos de várias audiências com autoridades públicas, solicitando a recomposição imediata da alíquota de 35% do Imposto de Importação para esse tipo de veículo, com argumentos lógicos e dados inquestionáveis”, diz o comunicado assinado por Cláudio Sahad Presidente do Sindipeças.
A recomposição das alíquotas é gradual. Desde julho de 2024, é de 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos. A volta ao patamar de 35% está prevista para o início de 2026.
Para driblar a alta, as montadoras chinesas aceleram as importações, com destaque para a BYD. Foi a chegada de um navio com 5.524 carros da empresa ao Portocel, em Aracruz (ES), pouco antes do Carnaval, que fez as entidades subirem o tom.
De acordo com levantamento mais recente da Anfavea (associação dos fabricantes), janeiro terminou com 42,8 mil veículos eletrificados chineses à espera de clientes em portos e pátios de concessionárias.
Para o Sindipeças, essas importações ” representam total desincentivo ao investimento na produção local desse tipo de veículo, além de incentivar a formação de estoques, como está a ocorrer, que certamente causarão claro desequilíbrio no mercado local”.
Em comum, as montadoras chinesas que estão chegando ao país têm anunciado planos de estabelecer linhas de produção no Brasil. Enquanto BYD e GWM se preparam para o início da produção nacional (com sucessivos atrasos), Neta, Omoda/Jaecoo e GAC Motors definem locais para instalações das fábricas.
Contudo, o modelo fabril dessas montadoras é um ponto que ainda não foi esclarecido. Pelas manifestações recentes, o Sindipeças parece não acreditar que a chegada dessas fábricas irá movimentar o parque nacional de fornecedores de componentes.
A expectativa é de que o índice de nacionalização seja baixo nos primeiros anos, embora isso implique em tarifas maiores para as montadoras chinesas.
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